Quantas vezes sua “grande missão” se comunica contigo até que você a ouça? O Festival se comunicou, muitas vezes, comigo, até que eu, finalmente, estivesse pronta para ouví-lo.

Certa vez, veio bem claro para mim que os saberes das raizeiras estavam ameaçados, pois muitas das suas filhas e netas não tinham interesse em seguir com essas medicinas e, como elas não tinham para quem passar, todas essas preciosidades poderiam desaparecer.

Outra vez, no Vale Sagrado de Los Incas, no Peru, em um encontro de saberes com as abuelas andinas, vibrou no peito uma vontade de que conhecêssemos as anciãs sábias por ali também.

Em outros momentos, quando realizava encontros e vivências de mulheres, visualizava aquele círculo muito maior, com mulheres, homens e crianças de todos os cantos de Pachamama.

Ou, quando morria e renascia num Temazcal ou cerimônia de medicina, e queria que todes tivessem a oportunidade de conhecer essas sagradas ferramentas ancestrais.

Pois bem! Depois de tanto soprar no meu ouvido, um dia a coruja do festival gritou. Eu estava tomando banho (a água é uma medicina de muita conexão para mim) e a orientação foi passada “clara como a água”. Seu nome completo: Festival Sul Americano dos Sagrados Saberes Femininos e toda a orientação da forma. Foi como um parto na água.

Compartilhei para algumas pessoas queridas a ideia e todas elas, de alguma forma, fizeram parte do Festival, mas uma delas, em especial, abraçou junto esse sonho. Noelle se tornou a outra asa da coruja. E fomos nós duas juntas, com o apoio da Lis, que voamos as 4 edições do Festival Sul Americano dos Sagrados Saberes Femininos e 1 edição do Festival Brasileiro.

De 2014 a 2017 nossa vida foi o Festival.

E, desde a primeira edição, nos demos conta da grandeza desse rezo. Não cabia em nossas mentes e em nada na terceira dimensão, tudo o que acontecia nos Festivais.

Vivíamos transbordamentos de amor e transformações coletivas, que eu nem sonhava que seriam capazes.

Vivíamos trocas tão profundas nesses dias, que sinto que o festival acontecia numa outra dimensão.

Um universo paralelo onde vivíamos a nossa real essência na terra.

Aprender com abuelas, mulheres medicinas, anciãs de diversas tradições, indígenas de diversas etnias, terapeutas, artistas e, nesse mergulho ir de encontro a nossa luz, foi transformador por todas as vidas que foram tocadas pelo Festival.

Centenas de histórias de curas, de mudança de vida, de encontro com o propósito, de reconciliações consigo mesmo, e cortes com o que já não servia mais. Mas, em 2017, no auge da beleza e grandeza do Festival, a Coruja pediu uma pausa… Nossas vidas pediram que déssemos atenção a outros passos da nossa caminhada.

Eu senti que a coruja já tinha dado seu voo e o ciclo do Festival havia se encerrado. Até que, das profundezas do inverno de 2020, em meio ao recolhimento da quarentena, na fase da minha anciã interna, a coruja voltou a se comunicar comigo.

Foram dias de sonhos e visualizações incessantes do festival, da coruja sábia e de toda a energia manifestada nos festivais.

A comunicação foi forte como a semente adormecida que rompe de dentro do inverno: “Estamos vivendo o parto de uma nova era, onde estamos aprendendo a SerVir sem nossos corpos; onde a Presença está sendo reinventada e onde todos esses saberes de luz transmutarão a escuridão da ilusão.”

…E a coruja sacudiu suas imensas asas, cobertas de terra e raízes e, sem peso, nem apego, alçou seu voo novamente.

Em 2020, em meio à uma das maiores pandemias da história, o Festival Sul Americano dos Sagrados Saberes Femininos – Medicinas da Mãe Terra renasce e se reinventa, trazendo toda essa potência de alcance, do formato on-line. E toda a equipe, de mulheres maravilhosas do Saberes da Mãe Terra, entram junto nessa empreitada como produtoras (Naia, Thamily, Bianca, Alina, Mari, Ana, Mokshita e Flávia).

Foram mais de 50 encontros, oficinas, vivências, cerimônias e performances artísticas em 9 dias de muitas sabedoria, arte, amor e cura. Dezenas de mulheres incríveis: Anciãs, Mulheres Medicina, Raizeiras, Indígenas, terapeutas, artistas.

Todo o conteúdo está disponível para que você possa ver, rever e se inspirar!

Um abraço de asas com asas, e de coração com coração.
Amor e Gratidão.

Anna Sazanoff
(Idealizadora do Festival)

QUERO ACESSAR

Parte da arrecadação do festival foi  destinada para doação aos seguintes projetos:

  • Casa de Saberes da Dona Flor do Cerrado (Quilombo Moinho)

  • Aldeias Pataxos de Caraiva-BA

  • Aldeia Tupinambá de Olivença-BA

  • Doação de bioabsorventes para Presídio Feminino Agrícola de Piraquara-PR (Movimento Plante sua lua para Todas)

  • Curandeiras do litoral do Paraná (Projeto Eu Mais Velha)