Me sinto cheia de privilégios.
Nunca fui julgada pela minha cor de pele ou minha identidade de gênero.
Nunca tive minhas terras ameaçadas pelo garimpo, pelos madeireiros ou pelo agronegócio.
Nunca tive missionários religiosos tentando mudar minha fé e minha cultura.
Nunca vivi em comunidades de vulnerabilidades social e tive medo que minhas filhas fossem atingidas por uma bala pedida.
Só “passei fome” nas minhas Buscas de Visão e Danças do Sol, por escolha. E, mesmo não passando por dificuldades extremas como essas, sou mãe duplamente solo, sem apoio paterno. Até um passado recente, mesmo já com meu nome reconhecido, fazia muitos atendimentos por dia de massagem ayurvedica, a ponto de ter crises terríveis de dores pelo corpo, sem ter a chance de diminuir o ritmo pra poder pagar as contas no fim do mês. Ao mesmo tempo, viajava dando oficinas para as mulheres se reconectarem com seus corpos e ciclos, com valores simbólicos que nem pagavam os custos das viagens. E, em tempo integral, produzia o Festival dos Sagrados Saberes Femininos, que era uma trabalheira insana. Até um ano e meio atrás, minha filha estudava em escola pública e eu fazia tudo de ônibus no meio da rotina louca, onde meu corpo e saúde pereciam (enquanto eu cuidava da saúde dos outros). Tenho uma filha negra e uma filha LGBTQIA+, das quais tenho imenso orgulho. Mas nada do que passei chega perto das realidades que temos no nosso país.

Nos cursos presenciais temos vagas sociais e de troca. Porém, pela limitação do espaço físico, não conseguimos acolher todas as mulheres que queremos. Portanto, com o curso online, pude realizar meu sonho de desgourmetizar a Ginecologia Natural.

Esses saberes são pra todes! São saberes que vem da máxima simplicidade da conexão com a terra, das índias, das raizeiras, das quilombolas, das campesinas. E é para todes, inclusive mulheres e homens trans, pois a ginecologia natural vai além dos aspectos físicos (e quem faz ginecologia natural só para órgãos femininos, não entendeu nada).

Portanto: Mulheres de comunidades de baixa renda, aldeias e quilombos tem bolsa de 100% e mulheres negras, mães solo e mulheres e homens trans 20% de desconto.

Mais informações, no site Saberes da Mãe Terra.
Amor e Gratidão.

Published On: 14 junho, 2021