A procura dos homens para participarem da Capacitação em Ginecologia Natural e Florais da Lua já vinha acontecendo há algum tempo, mas eu me mantinha na resistência. Sentia que haveria o momento da abertura, mas ainda não me sentia preparada.
Gosto muito de estar só entre mulheres, da profundidade que alcançamos nesse lugar seguro de escuta e cura.
Mas sabia também que todos os saberes que compartilhamos, não podem ser de domínio “exclusivo” das mulheres. São saberes ancestrais, de conexão com a terra e com a natureza cíclica, em que percebemos todas as desarmonias que nosso corpo físico e emocional manifesta por essas desconexões.
Como, nesse momento, que a terra clama pelo despertar do feminino acolhedor e colaborativo em TODOS os seres, vamos manter essas memórias como segredos entre as mulheres?
Mesmo sabendo disso, preciso dizer que estava insegura de como seria a Capacitação, sempre tão profunda, cheia de compartilhares tão íntimos, com a presença masculina. Ainda mais que meu companheiro me pediu pra participar.. Fiquei na dúvida se eu ficaria à vontade pra falar tudo que falo com ele ao meu lado. E as meninas que passaram por abusos? Conseguiriam se abrir em frente aos homens?
…E minhas deusas da terra! Foi muito mais profundo do que eu imaginava! Falamos de vagina, útero, ovários, muco, raiva do masculino, aborto, candidíase, abandono materno e paterno, orgasmo, aborto e abusos, como se não houvesse amanhã… Os homens nos guarneceram com sua presença não invasiva. Contaram sobre suas feridas e os abusos que também sofreram. Ouviram cada uma de nós e entenderam o que passamos, nesse corpo, as dores, as feridas e também a sacralidade perfeita da nossa natureza. Pediram desculpas em nome de todos os abusos que vivemos por parte do masculino… Perceberam que o patriarcado fere homens e mulheres ~ todos os dias ~ e principalmente fere a nossa Grande Mãe Terra. Riram e choraram conosco, cuidaram e foram cuidados, abraçaram, deram colo, fizeram parte da nossa cura e nós fizemos parte da cura deles também.
Que todos os homens possam acessar o feminino sagrado e profundo dentro de si.
Foi só o começo.
Go Pachamama!