Essa foto é do meu aniversário de 40 anos. Comecei meu dia pedalando nas ruínas de Coba, uma cidade maia em meio à selva mexicana. Foi tão deliciosa a sensação de pedalar entre a selva e as pirâmides, que prometi pra mim mesma que essa idade nova me traria a energia de fazer coisas novas e me desafiar a sair da zona de conforto diariamente.
Prometi que melhoraria meu condicionamento físico para aos 45, estar conhecendo os Andes de ponta a ponta, seguindo por trilhas e montanhas sem sentir os pulmões saindo pela boca (o soroche, mal de altitude dos Andes sempre me derruba).
Me senti renascendo nesse dia pra uma nova, audaciosa versão, de mim mesma.
Quer fazer Deus rir? Faça planos. Todos os planos a me desafiar a fazer coisa novas, terminaram comigo em casa, vivendo algo que eu não vivia há anos: a rotina.
Mas todo esse ímpeto de experienciar o novo, me faz ver toda essa pseudo limitação, como o novo pra saborear.
Me reinvento dentro de tudo, aprendendo a ser e vir (servir), sem a presença do corpo.
E a criança que saltita aqui dentro, percebe todo o presente que é descobrir esse novo presente. Se reinventar, em frente a página em branco. Se era pra fora da zona de conforto o rezo, que seja.
Enfim, nessa lua minguante, inverno e quarentena, deixo morrer a forma de tudo o que era. Que já não nos serve mais.
Sem medo, sem apego, sem expectativa, sem comparação.
Apenas a pura vida acontecendo, na sua infinita imensidão.