Falar de Ginecologia Natural não é só falar de útero e ovários. Tampouco sobre tratamentos com ervas. Nem, apenas, sobre os ciclos femininos em conexão com a natureza. E, com certeza, não é sobre passar receitas e conceitos prontos pelas redes sociais.
A Ginecologia Natural é tão antiga quanto a vida feminina na terra. Mas o termo em si é bem atual e remete a um movimento, de mulheres latino-americanas, de resgate da autonomia, individualidade, despadronização e recordação desses saberes ancestrais.
É político porque nos empodera de nossas escolhas em relação ao nosso corpo, não nos aprisionando, apenas, na visão da indústria farmacêutica ou da medicina convencional.
É sagrada porque nos conecta com toda a natureza que somos, nos integrando com tudo que É.
É complexa porque não padroniza. Cada mulher é um universo único, parte desse multi-verso.
É simples porque nos faz perceber a cura ao nos voltarmos para o que, realmente, somos.
Falo pouco de útero, ovários e seus desequilíbrios por aqui porque sinto de ir mais a fundo, no que está por trás dessas desarmonias. Sinto de compartilhar sobre a vida, sobre a conexão com a natureza que somos, em seguirmos a nossa intuição que aprendemos, sistematicamente, a calar nesses 5 mil anos de patriarcado.
Seria um caminho fácil de expansão, nesse ilusório mundo virtual, trazer receitas prontas para esses desequilíbrios, reduzindo toda a sabedoria milenar na mentalidade cartesiana da medicina convencional, em que remédio X trata doença Y. Mas não é assim que as medicinas tradicionais e ancestrais funcionam. Há o respeito à oralidade, à presença, à individualidade de cada ser e sua história, o cuidado contínuo com quem você está acompanhando.
Um tratamento, em ginecologia natural, envolve o trabalho individualizado no tratamento corporal, fisiológico, emocional e de toda sua árvore genealógica.
Trabalho pra manter, esses saberes, em sua essência genuína, sem que os holofotes externos das redes sociais e os modismos recortem e diluam toda a preciosidade. E isso é muito, mas muito mais importante que número de seguidores.
Que possamos sempre nos aquietar, nos observar e ver o mundo pra além das telas luminosas.
(Foto da Simone Kerger, em Portugal / 2019)