Sou catadora.
Adoro caminhar na natureza e voltar com mãos, braços, bolsos e alma cheias de natureza
plantas, sementes, penas, conchas… Converso com elas e elas, comigo.
Umas querem vir e se mostram exibidas.
Outras precisam saber pra onde vão e o que vou fazer com elas.
Outras não querem vir e tá tudo bem.
Mesmo na cidade, consigo sempre voltar pra casa com um ramo, uma muda de planta.
Umas vão pro quintal. Outras, pro chá, banho de ervas, tintura, água florida…
Quando encontro alguém, com ramos de plantas recém-colhidas na mão, já imagino o quão incrível aquela pessoa é.
Às vezes, trocamos olhares e sorrisos de quem se reconhece.
Às vezes, se não conheço que planta é aquela, já é um bom motivo pra puxar uma conversa e conhecer mais uma plantinha
Hoje, encontrei uma mulher na praia com um buquê de aroeira recém-colhida. Sorri com meus bolsos cheios de seus frutos também. A pimenta-rosa que tá abundante à beira-mar.
Desse meu passeio, trouxe conchas coloridas pro altar de Iemanjá; uma planta que não sei o nome (chamo de caneta do mar), brotando, prontinha pra plantar; erva-baleeira pra fazer tintura anti-inflamatória; uma pena rosa; e as pimentas-rosas.
Além disso, encontrei na restinga três cachorros que já são meus amigos e que me acompanharam até em casa pra fazer um lanchinho.
Tão bom passear na natureza e nunca voltar com as mãos, nem a alma, vazias.